BICHO DO MATO

O Projeto Bicho do Mato é um projeto interinstitucional de pesquisa e extensão vinculado ao curso do Ciências Biológicas da Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVÁS), em Pouso Alegre/MG.

O projeto foi criado em 2003 pelo então professor Dr. Fernando Afonso Bonillo Fernandes, falecido em 2014 e que hoje dá nome e inspira os pesquisadores e ambientalistas através do Instituto Fernando Bonillo.

Objetivo:

O objetivo do projeto é desenvolver pesquisas ecológicas sobre a fauna, flora e ecossistemas da região e servir como instrumento de tomada de decisões na preservação da biodiversidade e do meio ambiente como um todo.

Ciente da importância deste projeto, de toda a sua história e no intuito de fortalecer toda a memória e trabalho do Prof. Fernando Bonillo, em 2015 as atividades do Projeto Bicho do Mato foram retomadas pela UNIVÁS.

No ano de 2016 foram desenvolvidas pesquisas na Serra de Santa Rita Mitzi Brandão, em Santa Rita do Sapucaí/MG e também no Parque Natural Municipal Prof. Dr. Fernando Afonso Bonillo Fernandes, em Pouso Alegre/MG. Dentre as diferentes linhas de pesquisa, destacam-se os estudos de aves, mamíferos de médio e grande porte e inventário florístico. Estudo com insetos, pequenos mamíferos (roedores, marsupiais, morcegos), anfíbios e repteis são os próximos passos do Bicho do Mato.

Veja algumas fotos já coletadas ao longo da história do Projeto Bicho do Mato, durante os estudos no Parque Natural Municipal Prof. Dr. Fernando Afonso Bonillo Fernandes, através do uso de armadilhas fotográficas.

 

Saiba mais sobre o Projeto “Bicho do Mato”

Introdução/Justificativas

O Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes foi fundado em setembro de 1975 com a denominação de Parque Zoobotânico de Pouso Alegre (Lei nº 1.459/1975). Trata-se de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral nos termos da Lei Federal nº 9.985/2000.

De acordo com o Art. 32 da Lei Federal nº 9.985/2000, os órgãos executores das Unidades de Conservação devem articular-se com a comunidade científica com o propósito de incentivar o desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora e a ecologia das unidades de conservação e sobre formas de uso sustentável dos recursos naturais, valorizando-se o conhecimento das populações tradicionais.

Salienta-se ainda que segundo o artigo Art. 27 da Lei Federal nº 9.985/2000, as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo, que deve ser elaborado no prazo de cinco anos após a criação da Unidade de Conservação.

Segundo o Roteiro Metodológico de Planejamento do IBAMA para Parques, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas a implementação de um Plano de Manejo ocorrerá em um horizonte temporal de até cinco anos, devendo pelo menos no final do segundo ano, serem iniciados os levantamentos que subsidiarão o conteúdo do Plano de Manejo em suas sucessivas revisões.

O Plano de Manejo do Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes foi elaborado e aprovado pela Portaria nº 2.809/2010 em 29 de novembro de 2010. Sendo assim, considerando cincos anos de implementação, o prazo para sua revisão vence ao final deste ano.

Ressalta-se ainda que a Reserva Biológica de Pouso Alegre não possui um Plano de Manejo nos moldes da Lei Federal nº 9.985/2000 e, por conseguinte, esta Unidade de Conservação não está habilitada a receber recursos provenientes de compensação ambiental conforme prevê o Art. 11 da Resolução CONAMA nº 371/2006 e o município também está impossibilitado de receber o ICMS Ecológico referente a esta a Unidade de Conservação conforme prevê a Resolução SEMAD nº 318/2005.

Por sua vez, a Universidade do Vale do Sapucaí, mantém o curso de graduação em Ciências Biológicas, que demanda oportunidades para o desenvolvimento de pesquisas de campo nas áreas de zoologia, botânica, ecologia, etologia e gestão ambiental, a fim de contribuir para a sólida formação de seus alunos, bem como contribuir para o avanço do conhecimento científico sobre a fauna, flora e ecossistemas naturais da região.

Neste contexto, uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Pouso Alegre e a Universidade do Vale do Sapucaí no que diz respeito a pesquisa científica nas Unidades de Conservação municipais se justifica, de modo que ambos se beneficiarão, a Universidade do Vale do Sapucaí com a oportunidade de propiciar aos seus alunos o desenvolvimento de pesquisas que poderão culminar em Trabalhos de Conclusão de Curso e publicações científicas, e a Prefeitura Municipal de Pouso Alegre com a obtenção das informações e resultados dos trabalhos desenvolvidos, que a subsidiará no estabelecimento de estratégias de conservação e manejo das Unidades de Conservação.

Por fim, cabe ressaltar que o IBAMA (escritório regional de Pouso Alegre), o Instituto Fernando Bonillo de Pesquisa e Conservação e a ONG Plante Vida integram o Projeto Interinstitucional de Pesquisa “Bicho do Mato” onde atuarão de maneira subsidiária para o bom desenvolvimento das pesquisas.

Objetivo geral

Desenvolver pesquisas que visem inventariar e monitorar a biodiversidade e compreender as causas da distribuição e da densidade da fauna e flora nas Unidades de Conservação de Pouso Alegre, bem como compreender os efeitos da fragmentação e de outras atividades humanas sobre estas áreas.

Objetivos específicos

– Inventariar a entomofauna (insetos) do Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes;

– Inventariar as espécies de pequenos mamíferos (Marsupiais e Roedores) no Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes e Reserva Biológica de Pouso Alegre;

– Inventariar as espécies de mamíferos voadores (Quirópteros) no Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes e Reserva Biológica de Pouso Alegre;

– Monitoramento da avifauna de ocorrência no Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes e Reserva Biológica de Pouso Alegre;

– Realizar estimativa populacional de tatus (Cingulados) e determinar suas áreas preferenciais de uso no Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes e Reserva Biológica de Pouso Alegre;

– Realizar censo populacional de pequenos felinos pintados através de armadilhamento fotográfico;

– Realizar levantamentos fitossociológicos dos diferentes ambientes do Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes;

– Monitorar parâmetros ambientais do Parque Natural Municipal Fernando Afonso Bonillo Fernandes e do seu entorno;

– gerar dados que possam contribuir para a elaboração/revisão do Plano de Manejo das referidas Unidades de Conservação.

Material e métodos

Necessidade de manutenção das trilhas (transectos lineares) e da trilha principal que foram usadas pelo projeto Bicho do Mato durante o período de 2002-2010 (Figura 1).

A manutenção dos transectos lineares pode ser feita em conjunto pelos integrantes do projeto Bicho do Mato e por servidores da prefeitura, ou seja, do próprio Parque (se houver disponibilidade). A manutenção da trilha principal dependeria da prefeitura, pois demanda o uso de equipamentos mecanizados (trator).

De acordo com a Lei nº 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica) o corte, a supressão e a exploração da vegetação do Bioma Mata Atlântica poderá ser autorizado para pesquisa científica. E como referência, a Lei nº 12.651/2012 (Novo Código Florestal) considera a supressão de vegetação para fins de pesquisa científica uma atividade de baixo impacto.

Sendo assim, qualquer intervenção ambiental na vegetação só será realizada após a autorização/dispensa do órgão ambiental competente.

Da mesma forma, a coleta e ou captura de animais também observará o disposto na legislação.

Antes de mais nada, as pesquisas que envolvem captura e ou coleta de espécimes animais serão submetidas ao conselho de ética da Universidade do Vale do Sapucaí.

Em seguida, o profissional responsável pelas pesquisas com fauna submeterá o pedido ao SISBIO, conforme preconiza a Instrução Normativa IBAMA nº 154/2007. E somente quando for expedida a Autorização para atividades com finalidade científica, serão iniciadas as atividades de captura e ou coleta de animais.

A captura dos animais (quando for necessário) será realizada mediante métodos eficientes que causem o mínimo de stress aos animais, por exemplo, o uso de armadilhas tomahawk e sherman para pequenos mamíferos, e redes de neblina mist net para morcegos e pássaros.

Só serão coletados espécimes (captura e posterior sacrifício) quando extremamente necessário e em menor número possível. Para o sacrifício serão utilizados somente protocolos aceitos pela comunidade científica. Os espécimes coletados serão depositados em coleção biológica científica, preferencialmente registradas no Cadastro Nacional de Coleções Biológicas (CCBIO). Em nenhuma hipótese serão coletadas espécies ameaçadas de extinção.

As demais pesquisas que não envolvam métodos invasivos, ou seja, a captura e ou coleta de espécimes, como por exemplo, o rastreamento de vestígios, o armadilhamento fotográfico, e a observação direta não necessitam de licença ou autorização, podendo ser iniciadas tão logo haja a autorização para acesso às Unidades de Conservação pelo órgão gestor.

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Figura 1 – Layout das trilhas no Parque Natural Municipal Prof. Dr. Fernando Bonillo

Duração provável do projeto: indefinido (projeto de pesquisa de longo prazo)