Como funcionam as cooperativas e associações de reciclagem?
Quais os tipos de materiais que chegam até elas? Já parou para pensar nisso?
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), no Brasil é gerado cerca de 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos (lixo) por ano.
E se todo esse montante de resíduos sólidos (lixo) permanecesse no meio ambiente? Viveríamos em um espaço repleto de sujeira e poluição. A gestão adequada dos resíduos sólidos, incluindo a reciclagem, são processos fundamentais e muito importantes para a saúde e o meio ambiente.
Através da reciclagem é realizado o processo de reaproveitamento dos resíduos sólidos, reduzindo a quantidade de material em aterros sanitários e consequentemente mitigando os impactos ambientais. Para ficar por dentro dos processos de reciclagem, convidamos vocês a entender melhor como funciona uma cooperativa ou associação de materiais recicláveis e todos os seus processos.
As cooperativas ou associações de reciclagem auxiliam toda a população com a coleta e destinação adequada dos materiais recicláveis. Contribuem com a conservação do meio ambiente através da diminuição da disposição incorreta desses resíduos; redução dos gastos de energia; minimização de extração de matéria-prima; aumento da vida útil dos aterros sanitários; além da melhoria das condições de trabalho dos cooperados e associados, gerando renda e melhorando a qualidade de vida dos envolvidos.
Qual o caminho dos recicláveis?
Os recicláveis chegam até a cooperativa através do sistema de coleta local, que pode ser porta a porta, com o uso de caminhões, ou através de Pontos de Entrega Voluntária – PEV, onde o gerador leva seu material. Essa coleta pode ser realizada pelos cooperados, com caminhões próprios, pelas prefeituras ou através de parcerias. Uma vez na cooperativa, os materiais são dispostos no chão ou em bags (grandes sacos de tecido), sendo direcionados para o processo de triagem, que pode ser feito em bancadas ou esteiras. Todo o material que chega é separado por categoria (plásticos diversos, papéis, metais, vidros, etc).
Em alguns locais é feita uma triagem inicial, separando os rejeitos dos recicláveis e em seguida são separados por tipo de materiais, que possuem uma grande gama de categorias.
Os rejeitos são materiais que, mesmo sendo considerados recicláveis (por ex. alguns tipos de plásticos) não possuem reciclabilidade, ou seja, não são aceitos no mercado e não possuem valor de venda, tendo como destino final o aterro. Junto com os rejeitos também são inclusos materiais que podem chegar nas cooperativas indevidamente, tais como restos de alimentos ou materiais contaminados.
Após a triagem final ser concluída, cada tipo de material vai para o processo de prensagem, onde os materiais são agrupados em fardos e posteriormente encaminhados para venda. Durante o processo de venda, o material é negociado com diferentes parceiros, buscando melhores condições de preço e inserção em cadeias de negociação. Após esta etapa, o material é transportado para indústrias e empresas recicladoras, que realizam o processo de transformação, viabilizando o uso desses materiais como matéria-prima em outros processos produtivos, dando origem a outros produtos.
Tipos de materiais
Existe uma classificação geral dos materiais recicláveis que é representada por algumas cores (Norma ABNT NBR 13230/2008). De maneira simplificada temos:
Entretanto, em uma cooperativa de reciclagem esses materiais possuem mais divisões. O maior grupo de materiais gerados e reciclados são os plásticos, que seguem um padrão internacional de classificação. Geralmente são encontrados no fundo das embalagens um número (entre 1 e 7) que representa o tipo de plástico usado, sua toxicidade, durabilidade, possibilidade de reutilização, e no caso das cooperativas de reciclagem, qual a viabilidade econômica daquele material.
Já no caso dos papéis, são divididos em papelão, papelão caixinha, papel branco e papel misto (colorido) que podem ser jornais, revistas, livros e impressos em geral. Os papéis sujos ou com resíduos oleosos acabam sendo inviáveis para o processo de reciclagem, pois perdem valor, por isso a importância da coleta seletiva.
Dentre os metais, os mais conhecidos e recicláveis são o alumínio (latinhas de cerveja e refrigerantes) e o aço (latas em geral por ex: latas de milho, leite condensado, atum, etc.) Mas também são reciclados o inox, cobre e ferro. Alguns exemplos de metais que podem ser reciclados são os arames, fios de metal e cobre, panelas sem cabo, objetos de alumínio como portões e janelas, ferragens, tampinhas de garrafa, dentre outros.
Em relação às embalagens de vidro, elas podem ser 100% reaproveitadas na cadeia produtiva de sua reciclagem sem nenhuma perda de material. Os vidros, ao chegar nas cooperativas e associações, podem ser comercializados inteiros, agregando valor (por ex. garrafas de bebidas, potes de doces ou azeitonas) ou em cacos já quebrados. A exceção são as lâmpadas, já que em sua composição podem ser encontrados materiais tóxicos, sendo considerados resíduos perigosos e devem ter sua destinação em locais adequados, cadastrados para receber estes materiais.
Outros materiais como pilhas, baterias, lâmpadas e eletrônicos não devem ser descartados sem critério porque são tóxicos e apresentam em sua composição elementos que podem trazem riscos à saúde e ao meio ambiente, sendo necessário procurar um ponto de coleta específico para cada tipo de material.
Dica:
Entre os acidentes mais comuns que podemos observar durante os processos de reciclagem estão os cortes com o vidro. Então para o envio do mesmo, orientamos a isolar os cacos, caso sejam pequenos, dentro de uma garrafa PET, cortando-a ao meio e inserindo os cacos na parte de baixo e posteriormente encaixando a parte superior da garrafa para tampar. Outra sugestão é utilizar embalagens como caixas de leite, de produtos de limpeza ou achocolatado em pó, mas o correto é sempre procurar colocar os cacos em uma embalagem transparente deste modo os coletores e cooperados conseguem identificar o conteúdo interno presente dentro do recipiente. Caso o vidro quebrado tenha dimensões maiores, o correto é embala-lo com papelão e fita crepe e escrevendo na embalagem que contem vidro e de preferência levar o vidro no ponto de coleta mais próximo.
Desafios
Um dos grandes desafios é a conscientização ambiental por parte da população, uma vez que a grande maioria sabe pouco ou quase nada sobre coleta seletiva, deste modo uma parcela grande de resíduos não tem a separação e destinação adequada. Outro ponto importante é profissionalizar esses catadores para que ganhem espaço no mercado de trabalho, visto que são uma classe vulnerável socialmente e financeiramente. As pessoas precisam entender e reconhecer a importância ambiental e os benefícios que esses catadores geram com seus serviços prestados à população e meio ambiente.
Texto, imagens e edição do vídeo: Marília Basílio Pereira (graduanda em Tecnologia em Gestão Ambiental pelo IFSULDEMINAS Poços de Caldas e estagiária do Instituto Fernando Bonillo de Pesquisa e Conservação Ambiental).
Revisão e orientação: Marielle Rezende de Andrade
Fontes:
www.abrelpe.org.br/brasil-produz-mais-lixo-mas-nao-avanca-em-coleta-seletiva/
www.dinamicambiental.com.br/blog/reciclagem/o-significado-dos-numeros-e-siglas-nas-embalagens-de-plastico
Assista o vídeo e conheça melhor o que acontece dentro de uma cooperativa de reciclagem, em Poços de Caldas/MG.