Já parou para pensar nos benefícios dos sapos? Como eles se relacionam na cadeia alimentar? Confira este texto do biólogo e ambientalista, Fernando Capela.
Dificilmente, nos dias de hoje, nos deparamos com sapos nas cidades. Aquele mesmo, o cururu, alvo fácil de agressão das pessoas.
Se existe um bichinho injustiçado, esse bicho é o sapo. Baixinho, feio, barrigudo, não sabe andar… Verdade! No entanto, ninguém lembra que ele é muito útil e importante para o equilíbrio ecológico, justamente por ser um devorador nato de insetos. Aliás, não faz mal a ninguém – a menos que o agridam.
Algumas espécies, como o cururu, possuem hábitos domésticos, convivendo com patos e galinhas junto às sedes dos sítios e fazendas, ruas de cidades onde as luzes dos postes e das casas atraem maior quantidade de insetos.
Quanto a tal fama, tudo invencionices e crendices. Sempre enalteci o sapo, sua importância, no entanto, só recebi chacota e repulsa. O duro é desfazer a imagem negativa do sapo: “Engolir sapo”, por exemplo, é ouvir desaforo ou suportar uma coisa desagradável sem reagir. Ah!” Tem festa no céu,” sapo não entra!
Úteis como as aves, só nos fazem o bem, alimentando-se de insetos numa quantidade igual à de uma ave insetívora. A sua população é bem mais superior à das aves, o que as torna mais efetivas no processo de equilíbrio da cadeia biológica. Alguns pesquisadores acreditam que apenas um sapo-cururu coma 5.000 insetos por semana!
Para ressaltar a importância do sapo na natureza, é que eles, como os cururus, não vivem somente no brejo, nas lagoas ou beira de rios. Existem espécies que habitam terrenos secos e florestas, ampliando o seu campo de atuação no controle de insetos. Com certeza executa um trabalho extremamente útil à agricultura. Todavia, parece longe ainda o dia em que o pobre do sapo terá reconhecido o seu papel.
Ainda vemos pessoas malvadas que os chutam para longe, como se fossem bolas de futebol ou os fazem fumar cigarro até estourar! Bizarrices como jogar sal em suas costas. Isso não é tudo, o uso indevido de agrotóxicos está envenenando os sapos, rãs e pererecas, poluindo as suas águas.
Quando avistarem um sapo, contrate-o. Trabalha de graça, não reclama e é inofensivo.
Texto e fotos: Fernando Capela – biólogo/ornitólogo e ilustrador